Magnólia


Foi difícil escolher sobre o que escrever nesta primeira cronica das Sofia’s Choice? Não, de todo!

Dezasseis anos é o que nos separa do lançamento deste filme. E, não obstante o tempo passado, esta é uma obra que tem o condão de nos marcar veementemente, criando em nós a necessidade de every once in awhile de revisita-lo. Pelo menos é o que se verifica comigo, há mais de quinze anos, desde que saí daquela sala bafienta, composta por fileiras de cadeiras de um vermelho aveludado no já extinto cinema Quarteto!
Depois do fabuloso Boogie Nights (1997), Magnólia (1999) foi o filme que, definitivamente, consolidou o nome de Paul Thomas Anderson (PTA) na Indústria.

Baseado num argumento que teve, também, a assinatura de PTA, Magnólia começa por apresenta-nos um genial e criativo prólogo repleto de pequenas histórias que vão indiciando o que iremos ter na “ementa” nas próximas três horas. E é com a premissa “This Was All Only A Matter Of Chance?”, tantas vezes repetidas pelo narrador, que rapidamente somos transportados para a trama principal.

E é de forma absolutamente frenética, com constantes movimentos de camara e ao som de “One” de Aimee Mann que nos são apresentadas as noves personagens que compõem esta emaranhada teia.
Como um verdadeiro padawan, PTA opta por seguir uma estrutura narrativa muito característica da cinematografia do seu Mestre, Robert Altman (Gosford Park). As histórias entrecruzadas das personagens vão-se desenrolando paralelamente, e à medida que a trama avança, elas vão encaixar-se como de um puzzle se tratasse.
Na sua essência trata-se de um filme amargo que expõe a frio as grandes fragilidades da vida e como cada um lida com a perda, a doença, a morte, o esquecimento e com o goddamn regret.
E é num verdadeiro e inesquecível momento de cinema que PTA coloca os seus vulneráveis personagens a expelirem estes sentimentos, como se de um exorcismo se tratasse, cantando a intensa Wise Up de Mann.
E porque após a tempestade vem sempre a bonança, o final de Magnólia que está envolto numa fortíssima carga simbólica, devolvo-nos um sentimento de conforto, de esperança e de tranquilidade. Uma sensação que mesmo as almas mais perdidas acabam por ser salvas.
Por fim, de ressalvar as interpretações fantásticas de todo o elenco, com especial destaque para Tom Cruise, pois não sendo um habitué nestas produções independentes, fez uma recriação fabulosa do misógino Frank, valendo-lhe uma nomeação ao Óscar de Melhor Ator secundário.

Sofia Pissarra




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