Olá.
Eu sou Aquela Daqui.
O dono pediu e hesitei.
Depois ai valha-me Deus, quem é que lhe resiste e pardais ao ninho?! Mas quem?!
E agora,falar de quê? De quê? Ok.
Do Natal.
Natalinho.
Porque é por esta altura que ele aparece.
Vinha gelado.
Acolhi-o com paninhos quentes e aguardente velha para o reanimar. Partilhei com ele a minha cama,que o espírito da época assim mandava.
Quando perguntei de onde vinha, fugiu à resposta e não tive tempo de saber para onde ia.
Mas era uma figura possante,presença cheia, caloroso nos gestos e meigo como um cachorro.
Na intimidade, pedia-me para ser a Rena, porque estava farto de ter protagonismo e adorava que lhe pusessem os cornos.
E eu, habituada às mais variadas fantasias, não estranhava o pedido e fazia-lhe a vontade.
Vestida de vermelho, com um cachecol felpudo a rodear-me os ombros,pegava nas rédeas e fazia ho.ho.ho.... e o Natalinho sorria de olhos fechados.
Eram um gozo estas nossas cenas festivas.
Ele deslizava na pele dos nossos sonhos , eu agarrava-me ao tronco e enfeitava-me com bolas. Uma árvore de Natal perfeita.
Era vê-lo a despejar-me o saco no colo e eu, deslumbrada, a pedir mais.
Depois, não sei se cansou ou se era próprio da sua natureza,escapou-se-me!
Exactamente no dia 31 de Dezembro.
Maria José Portugal Portugal
0 comments :
Enviar um comentário