Treinadores de bancada



Pela boca morre o peixe. Eu, que sempre me instiguei contra programas e crónicas de opinião pessoal, porque creio profundamente que as opiniões são como as genitálias e que maioritariamente devem ser mantidas em resguardo, fui convidado para comentar os visuais de alguns ilustres da nossa praça e, inconsequente, aceitei.

Quem me sabe, na intimidade, percebe que tenho um sentido de humor voraz e um sarcasmo apurado que me pode colocar em situações frágeis quando exposto a interpretações menos familiares. 

O gosto é extremamente pessoal e deve refletir a nossa identidade. A partir daí, o conforto e a confiança naquilo que queremos transparecer fazem o resto. 

Hoje, percebi aquilo que implica comentar ou expor a nossa opinião sobre qualquer assunto do domínio público. É um risco. Acarreta um peso considerável e coloca-nos também num lugar facilmente passível de julgamento.

É só a nossa opinião. Logo eu que não me levo muito a sério...e espero que os outros também não o façam. 

Tentei equilibrar-me entre ser uma mais valia para o programa e manifestar aquilo que o meu gosto pessoal me indica, o mesmo gosto que levou a que me fosse endereçado este convite, e o politicamente correcto, porque também já estive do outro lado, também já fui comentado por questões acessórias e não é propriamente simpático. 

Fui honesto, não sei ser de outra forma. Até porque eu também já cometi muitos crimes visuais, já fiz muitas escolhas erradas e já fui para alguns sítios com a sensação de que deveria ter ficado em casa.

Sim, quando temos uma profissão que nos exige exposição pública estamos sujeitos ao julgamento dos demais, aos treinadores de bancada e hoje foi assim que me senti. 

Manifestei a minha verdade, tentando não me esquecer que não estou na sala com os meus amigos. Espero que seja compreendido de forma ligeira e que as pessoas se lembrem que a posição em que estamos aumenta a nossa responsabilidade em cumprir certos critérios perante os outros. 

Podemos não ter pachorra para isso ou podemos ter talento que chegue para nos borrifarmos para estas trivialidades.  

Obrigado Mariama Barbosa pelo convite e perdoem-me todos os que não vão de encontro ao meu gosto pessoal. 

É isso mesmo. Pessoal.

E espero que se divirtam com os disparates que me saíram...porque eu vou corar e mandar blindar as janelas. 



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